Felizes Viveram Uma Vez
"O Perraultimato"
Filipe Faria
Ilustrado por Pedro Pottier
Volume I
Editorial Presença 2012
Como já disse anteriormente em artigos passados, falar de fantasia não é fácil.
Principalmente porque o termo "fantasia" engloba uma quantidade tão grande de subgéneros que tenho sempre algum receio em dizer uma qualquer barbaridade.
No entanto, este novo romance do autor português Filipe Faria é um subgénero meu conhecido, estando meio à vontade para falar dele (nunca estou a 100% à vontade para falar de Contos e Fadas pois é um dos mais vastos subgéneros de todos).
Em Felizes Viveram Uma Vez, Filipe Faria leva-nos para os contos de fadas tradicionais e pega em algumas personagens da tradição de vários países, construindo um enredo fascinante.
O livro começa com uma grande introdução a cada uma das principais personagens, explicando a história de cada um e como acaba com um desfecho muito diferente daquele que conhecemos originalmente.
A partir daí começa a aventura por terras estranhas e com situações por vezes hilariantes, onde as personagens se vão encontrando e descobrindo que têm algo em comum, juntando-se assim numa missão para seguir as indicações de um documento a que chamam de Perraultimato.
Acompanhamos então algumas personagens de diversos contos do mundo como Vasilisa, personagem de um conto Russo intitulado Vasilisa, a bela.
Aprendiz, retirado originalmente de uma balada alemã mas que aparece em várias referências literárias, incluindo alguns textos esotéricos e mágicos.
Borralheiro, Askeladden no original, um conto da Noruega intitulado Rodrev og Askelladen.
Mama na Burra, um conto português que dá pelo nome original de O Homem da Espada de Vinte Quintais.
Capuchinho, é a conhecida Capuchinho Vermelho cujo conto é de várias origens, sendo a mais antiga registada, a do francês Charles Perrault, que se intitula originalmente como Le Petit Chaperon Rouge.
Sendo assim, Borralheiro, Capuchinho, Mama na Burra, Vasilisa e Aprendiz têm como missão endireitar o mundo onde vivem e descobrir quem foi o responsável por tremenda confusão.
O livro é muito bem ilustrado por Pedro Pottier, com desenhos de página inteira, acrescentando mais detalhe à história de Filipe Faria.
De leitura fácil, este é um romance da Editorial Presença, que saiu este ano e que é realmente surpreendente em todas as suas 264 páginas. Apresenta-se como uma história para adultos, com conteúdo por vezes erótico e ousado, retratando uma realidade dos contos de fadas de que muitas vezes não estamos inteiramente conscientes.
O Perraultimato é assim, a meu ver, um dos melhores livros de fantasia do ano, apresentado por um autor português em ascensão e que ainda vai dar muito que falar.
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