Dante é uma surpresa enorme. Em peso, em número de páginas, em arte e em argumento.
Vou tentar dizer o que penso e mostrar um pouco do que, a meu ver é este novo álbum do Luís.
Não vou entrar em termos técnicos narrativos e em opiniões muito rebuscadas de arte, design e plasticidade visual que este álbum tem de sobra e que é totalmente elaborado por um dos grandes da banda desenhada portuguesa...ok não foi ele que fabricou o papel ou que esteve a coser os cadernos que compõem este livro...mas quase!
Nestas fabulosas 128 páginas, vamos seguir uma história que se passa durante a Segunda Guerra Mundial, talvez em França, que vêm ricamente ilustradas e que transformam este livro num objecto de quase adoração, página a página.
Esta história de fantasia começa como começam quase todos os contos de fadas...atenção que isto é um conto de fadas e não uma fábula como alguns bloggers e entendidos da banda desenhada lhe chamam, e que torna a narrativa de qualquer história muito mais abrangente e sim, incluiu animais falantes o que aqui não é de todo o caso... e eu que escrevi acima que não ia entrar em termos técnicos...mas existem coisas que me fazem comichão e esta é uma delas!
Dante é uma amalgama de coisas boas tão grande que quase não tenho palavras para descrever o que se passa neste livro.
Tudo se revela ao lermos e é para isso que mostro algumas das páginas sem no entanto revelar nada do entender da história.
O Luís mostrou-me algumas pranchas deste seu novo projeto durante o Amadora BD de 2021 e confesso que fiquei imediatamente abismado com a arte e com aquele cheirinho a fantasia de que daí emanava.
O resultado é uma história com influências de outros contos de fadas e que se apresenta com uma maturidade que só um autor de longa data consegue imprimir nas suas histórias, na sua arte e misturando um incrível gosto pessoal para estes temas que incluem máquinas, aparelhos steampunk, o tema da Segunda Guerra Mundial, da destruição iminente, do mal incomensurável e muitas vezes incompreendido e descartado, que aqui se impõe com uma realidade fantasiada e ridicularizada e que é assustadoramente real para a narrativa da história e mesmo para o mundo em que vivemos.
Dante é um conto duro.
Um apelo e um alerta urgente.
Dante será sempre actual que poderá tornar-se um clássico imediato da banda desenhada portuguesa.
O final da história é uma surpresa e o Luís acaba o livro com um brinde de algumas páginas conceptuais e técnicas que mostram a sua dedicação, inspiração e zelo por este Dante que será um grande candidato a álbum do ano no próximo Amadora BD.
De referir ainda as "piscadelas de olho" ou Louroverso que só mesmo os grandes fãs vão descobrir e que se encontra espalhado um pouco por todo este livro.
O Luís soma e segue e, tenho a certeza que o próximo projeto já fervilha na sua mente.
A minha cópia ainda mereceu um autógrafo do Luís, elaborado no Festival de Beja, onde não pude estar por razões pessoais e que o João Lameiras (Dr. Kartoon) teve a amabilidade de levar, para eu ter o tão desejado desenho original.
Esta edição vem ainda com o raro print limitado a 100 cópias e que esgotou em poucos dias.
Recomendo o Dante pela sua arte mas também pela maturidade e pela atualidade narrativa que, num conto de fadas como este é intemporal.
Parabéns ao Luís Louro e à Ala dos Livros por mais um grande álbum.
Comprei o livro na Livraria Dr. Kartoon que recomendo visitarem, se andarem lá para os lados de Coimbra, ou online na loja da editora Ala dos Livros.
De certo que chegará às livrarias em quantidade generosas em breve.
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