Leituras do best - Masters of the Universe - Die Giganten des Universums...

Falar sobre Masters of the Universe é para mim quase tão gigante como falar sobre a conhecida saga galáctica que terminou recentemente nos cinemas.

Podem pensar que não existe comparação possível e na realidade não existe, mas o Universo de Motu é gigante. A mitologia dentro deste universo é fabulosamente rica e inexplorada e Eternia, apesar de ser um planeta considerado evoluído e com tecnologia acima de qualquer civilização conhecida, tem sempre um qualquer canto inexplorado e misterioso. É um local mágico, encantado de forma profunda e retratado sempre como quase primitivo, evoluído tecnologicamente mas mantendo sempre aquele aspecto meio medieval, meio primitivo. Um local onde a tecnologia se mistura com o arcaico, com o mágico e com o mítico.

Nos idos anos 80, quando surgiram as primeiras histórias nos mini comics de MOTU, que acompanhavam as figuras de acção, fomos apresentados a uma Eternia de traços simples, exóticos e remotos. As histórias são de argumento simples, os desenhos de uma profusão lendária e incomparável. Ninguém estava preparado para a série de animação ou para a continuidade deste universo em tantas interpretações na forma de jogos, livros ilustrados, banda desenhada e etc...

As publicações de histórias sobre He-Man e os seus companheiros e inimigos, sobre o exótico planeta de Eternia e sobre os mistérios que se encerram no mítico Castelo de Grayskull, apareceram por todo o lado nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, França, Itália, Alemanha e entre outros países que produziram aventuras inéditas e originais de MOTU.

Na Alemanha foram publicadas algumas dessas histórias, durante os anos 1984 e 1987, pela editora Interpart. A influência e a magia que essas histórias espalharam pelas crianças e jovens alemães teve um impacto brutal e toda esta nostalgia marcou de tal maneira essa geração que a procura por essas publicações tem sido intensa.

Só agora foram reunidas e publicadas as histórias de Masters of the Universe que tantos procuram, na Alemanha e no mundo. A editora Retrofabrik, reuniu uma edição de luxo espectacular, maciça e que vou tentar mostrar em toda a sua glória.

Esta volume reúne 10 números da revista Masters of the Universe - Die Giganten des Universums e dois volumes de histórias curtas de Masters of the Universe, de origem italiana, intitulados de Comic-Taschenbuch (brochura de banda desenhada) que na altura foram de estrema importância para os fãs alemães.

Introdução de Wilfired A. Hary, argumentista destes 10 números de Des Giganten des Universums

Este volume divide-se em 4 capítulos.

O primeiro capitulo intitula-se Die Giganten des Universums e reproduz os 10 números da revista com o mesmo nome em toda a sua glória. As histórias são escritas por Wilfried A. Hary e magistralmente desenhadas e encenadas por Michael Götzer. 

Götzer é um artista que vem trazer uma nova visão de Eternia e aos companheiros de aventuras de He-Man, criando o mesmo exotismo e magia a que a série de animação, no seu próprio estilo, nos habituou tão bem a reconhecer.

Cada número desta revista trazia sempre duas histórias, uma história longa e outra mais curta perfazendo as 36 páginas (publicidade e editorial incluídos).

Este capitulo é o coração deste livro.

A partir do segundo número desta revista Michael Götze brinda-nos sempre com uma página dupla ou individual com arte espectacular e cheia de dinâmica e acção.

Neste número 3 é apresentado, pela primeira vez, o He-Man Negativo que mais tarde seria apresentado como o Anti-Eternia He-Man nas aventuras áudio nas cassetes da Europa Studios.

 A diversidade de veículos e locais apresentados nestas duas histórias, de cada revista são sempre diferentes e surpreendentes. Na maior parte das vezes os vilões e os heróis confrontam-se em locais exóticos e com extrema violência conduzindo os veículos que tínhamos a oportunidade de comprar nas lojas.

Em todas as histórias destas revistas as personagens são variadas e normalmente apresentam-se sempre uma nova personagem heróica, um novo vilão ou um novo grande monstro para derrotar em situações que, muitas vezes desafiam a imaginação de tal forma que expandem ainda mais o conceito de planeta mágico.

Como já comentei anteriormente, a arte de Michael Götze vem trazer novos e exóticos locais a uma Eternia que é já, na nossa imaginação, um conjunto infinito de lugares estranhos e de raças mágicas cheias de lendas e mistérios. 

Skeletor nem sempre é o inimigo principal nas aventuras longas destas revistas e esta dinâmica de argumento vem reforçar a existência de outros conflitos e mistérios que vão para além da maquinações terríveis do Senhor do Mal.

Hordak e os membros da Horda são introduzidos como seres de outra dimensão apenas no número 8 da revista, fazendo parte das duas aventuras da revista onde, numa delas o protagonista não é He-Man, mas Skeletor que tenta lidar com o vilão invasor.

Na maior parte das vezes as personagens que se introduzem nas histórias pela primeira vez, são versões adaptadas de figuras de acção acabadas de chegar ao mercado e representadas como quase protagonistas principais e causadores de todo o enredo.

Na mesma altura em que estavam a ser lançadas estas revistas, a editora publicou, nomeadamente em 1985 e 1986, dois volumes de 100 páginas de aventuras em banda desenhada, de origem italiana. Estes volumes contêm histórias curtas, de 3 ou 4 páginas, sem continuação aparente e com arte muito boa e de diversos autores. Não consegui descobrir quem foram os argumentistas ou os artistas destas mini histórias, e as próprias histórias não estão assinadas nem estão designados os seus autores, mas a arte segue o estilo dos primeiros mini comics MOTU assim como as historias que são simples e passadas num tempo onde não existe qualquer referencia ao reino de Eternia, ao Príncipe Adam ou a certas personagens como o Orko ou a Sorceress. 

 Optei por apresentar aqui apenas a primeira página de cada história destes volumes de 100 páginas tendo em conta que são representativas destas mini aventuras de autores desconhecidos.

No segundo volume, continuam as histórias curtas com a dinâmica de personagens e histórias simples.
Cada um destes volumes, que apenas teve as capas de Michael Götze, contem diversas histórias sendo que o primeiro volume tem 27 histórias e o segundo volume tem 22 histórias.

As histórias são bastante cómicas e os Guerreiros do Mal, que têm sempre um plano para tentar entrar no Castelo de Grayskull, são sempre derrotados de forma ridícula e inesperada.

O segundo capitulo é dedicado a uma galeria de arte do autor Michael Götze, com capas e outros desenhos assim como um conjunto de desenhos informativos e fichas sobre as personagens que foram incluídos no primeiro número da revista Die Giganten des Universums. A arte é novamente fantástica e este capitulo apresenta ainda o processo criativo que levou à capa deste volume pelo artista Karsten Klintzsch, que presta assim homenagem a Götze, em estilo e detalhe.

O capitulo 3 intitula-se “Histórias Esquecidas” e vem apresentar argumentos inéditos com esboços ilustrativos, ao estilo storyboard, de Karsten Klintzsch, o já referido artista da capa deste volume.

 Aqui resumem-se algumas histórias que nunca chegaram a ser realidade, mas que faziam parte do espólio de Wilfried A. Hary.

O livro termina num curto capitulo 4, “Atrás das muralhas do Castelo” e vem mostrar parte do processo de restauro e elaboração gráfica que levou a este livro que é tão gigante como Masters of the Universe.

Só depois da aquisição deste volume é que descobri que parte das histórias contidas neste volume foram publicadas em Portugal, no mesmo formato, pela editora Impala e que tenho dois destes volumes em minha posse. Por cá são raríssimos!!

Nunca imaginei que este universo das publicações alemãs de MOTU fosse tão rico em arte e exotismo.

Não foi possível mostrar mais sobre este gigantesco volume de banda desenhada, por razões óbvias. 

Este volume é uma primeira edição da Retrofabrik, em capa dura de com 592 páginas e totalmente em alemão e sem tradução para outras línguas.

Quero agradecer ao editor Mustafa Ceyhan, pela simpatia e pela disponibilidade e por me dar a possibilidade de ter na minha colecção este raro volume e em apresentar aqui neste artigo, as histórias desconhecidas para a maior parte dos leitores e fãs portugueses de Masters of the Universe e a arte fantástica de Michael Götze.